sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Engenhos de rapadura: Passado de glória, presente decadente

O município de Tabira já contou com cerca de 120 "engenhos de mel e rapadura" pelo menos até meados do século passado, o que gerava renda para seus proprietários e trabalho à vizinhança. Alguns chegavam a moer durante meses, produzindo uma espécie de artigo de luxo para a época "a rapadura", que era transportada em carros-de-bois para a cidade, onde era comercializada na feira livre. Dia de moagem era dia de festa:
Mulheres puxando alfinin, meninos correndo na bagaceira com o bucho cheio de garapa, as conversas de "fornalheiros", como na música de Paulo Matricó, e o cheiro de melaço impregnando o ar de toda ribeira. No início  movidos a "bois" em determinado momento,  alguns passaram a funcionar com tecnologia mais avançada, por exemplo: "usando motores a diesel ou mesmo a enérgia elétrica, a partir do momento que a mesma chegara na região. Porém, já fazem algumas  décadas que o setor  vem em franca decadência. Hoje são poucas unidades existentes, funcionando alguns dias para esmagar as raras  "torceiras de canas" que  alguns ainda matém em suas propriedades, como é o caso de Bianor dos Santos, 78 anos, filho de Severino dos Santos, e neto de João dos Santos, que implantou o primeiro engenho de rapadura por volta de 1870 no sítio Poço D'antas, e que o mesmo herdou do pai desde o final da década de 50, do século passado, funcionando até  hoje, mesmo que durante poucos dias no ano. O governo do Estado já tentou incentivar a reativação do setor no município, mas não obteve sucesso. Ao contrário das gerações passadas, a atual não tem demonstrado interesse em dar continuidade a atividade que foi tão bem conduzida por seus ancestrais. Ao continuar desse jeito, não demorará muito para que contemplemos a última fumaça na chaminé do último engenho.

                                        
                                            Engenho de Bianor dos Santos, em 20/09/2011



Escrito Por Joel Mariano, às 05:48

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